Como é grande o meu amor por você…”

“Nunca se esqueça nem um segundo que eu tenho o amor maior do mundo… Como é grande o meu amor por você…”. E não há tempo ou qualquer barreira que altere ou sequer amenize esse sentimento. Do contrário, ele é somado a uma saudade incomensurável, que me acompanha a ponto de ditar meus sentimentos de uma forma tão profunda que direciona meus pensamentos e atitudes, conduzindo e transformando cada segundo da minha vida. São 15 anos desde a sua “partida”; 15 anos em que tive que literalmente aprender o significado de “sobrevivência”; 15 anos em que fui obrigada a compreender que no jogo da vida as regras, por vezes, são injustas e cruéis; 15 anos estabelecendo estratégias para ouvir sua voz, sentir o seu cheiro, vislumbrar sua face; 15 anos me esforçando para buscar colorido numa realidade fosca, sem luz; 15 anos de preocupação com o seu caminho espiritual proveniente do meu sofrimento; 15 anos de uma solidão impossível de ser traduzida em palavras… “E não há nada pra comparar, para poder lhe explicar, como é grande o meu amor por você”, Mamãe…

Texto publicado no Facebook no dia 10 de janeiro de 2016.

“Ou isto, ou aquilo…”

Chá de erva-cidreira ou de camomila? Estudar ou ver um filme? Suco ou fruta? Calça ou vestido? Razão ou emoção? Opções, escolhas, decisões… ininterruptamente, interminavelmente, implacavelmente! Imaginar tudo isso na vida de uma libriana convicta, então, é o cúmulo da loucura! Tudo pensado, repensado, pesado, repesado… criteriosamente, meticulosamente… mesmo quando se considera cada letra da colocação de Pablo Neruda quando diz que “ você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências”. Nossa, e como é complicada essa parte de arcar com as consequências!!! Tudo é tão intenso que escolher o que comer e escolher o tema de uma monografia acabam denotando o mesmo “sofrimento”. Tudo é tão vital que qualquer decisão parece determinar o rumo de uma existência (“complicada e perfeitinha…”). Diante desse turbilhão de dúvidas e emoções, ouso afirmar que a minha grande paixão por viagens está diretamente relacionada ao fato de que viajando consigo relaxar e me desprender (mesmo que parcialmente…) desse constante processo Cecília Meireles: “Ou isto, ou aquilo”. (Agora entendo por que gosto tanto dessa poesia, desde que a conheci nos meus livros das séries iniciais…) A decisão maior é viajar e as possíveis consequências já são pesadas antecipadamente, ou seja, “tá na chuva pra se molhar!”. Ocorre que, infelizmente, não posso levar a vida viajando, pelo menos não geograficamente, porque viajar nas opções, escolhas e decisões é uma viagem interminável e incurável…
(A dúvida agora é se esse texto representativo de divagações deve ou não ser publicado… Se você o leu…)

Texto publicado no Facebook no dia 20 de janeiro de 2016.

Carta para Maria II

Minha Maria, minha Flor,

“Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?”.
Aproprio-me das iluminadas palavras de Fernando Pessoa para tentar expressar o que diz o meu coração ao comemorar seu segundo aniversário. Dois anos se passaram desde o seu nascimento e o meu amor aumenta na proporção do seu desenvolvimento, que lhe faz ser curiosa, inteligente, independente, decidida, carinhosa, sorridente… iluminada!!! Cada palavra por você pronunciada me encanta, cada sorriso seu me enche de alegria, cada gesto me fascina! Você descobrindo o mundo e eu me certificando cada vez mais que a sua presença em minha vida me renova, me fortalece, me conduz a querer o melhor desse mundo! Você desabrochando e eu colhendo as bênçãos emanadas da sua luz! Os meus melhores anseios são pra você; os meus pensamentos mais encantadores são pra você; os meus sorrisos mais plenos são pra você; as minhas orações mais profundas são pra você!
Que Deus continue a abençoar a sua existência plenamente e que me conceda a graça de estar a seu lado! Amo você, minha Maria!!!
Beijos de amor de sua Tia-Dinda!

Texto publicado no Facebook no dia 19 de março de 2016.

Brasil, 17 de abril de 2016

Brasil, 17 de abril de 2016. Mais um dia a ser fincado na cronologia da história. Um dia que representa o desfecho de uma “guerra” iniciada com o resultado das eleições presidenciais de 2014. Um embate que extrapolou barreiras políticas, jurídicas, sociais; que causou desmoronamento em relações partidárias e até familiares, tendo como base argumentos pífios e, por vezes, risíveis; que expôs uma nação à irrefutável condição de insegurança jurídica, visto que conceitos como Soberania, Democracia, Estado Democrático de Direito passaram a ser aplicados a partir de conveniências, e não com a imparcialidade necessária.
Sou contra o impeachment, da forma como está posto. Peremptoriamente contra. Valido o impeachment previsto na Constituição Federal Brasileira, que elenca condições para que o seu processo seja instalado e julgado. E não considero que seja o caso. Não vou ficar aqui dizendo que não sou petista, que critico veementemente o governo de Dilma, que acho que deve haver as devidas punições a todos que mereçam, independente de partido ou cargo etc, etc, etc… Não preciso dar explicações para as minhas posições. Tenho minhas convicções, meus argumentos, meus princípios, meus conhecimentos políticos e jurídicos. O que farei questão de deixar claro aqui é a minha indignação e o meu temor com a situação posta. Penso que, independente do resultado da votação de hoje, os dias difíceis persistirão. E nesse pleito não há vencedores ou perdedores, porque perdedores já somos todos diante das aberrações por nós vivenciadas. Que Deus nos abençoe!

Texto publicado no Facebook no dia 17 de abril de 2016.

Liberdade, ainda que tardia…

 

Jutânia Silva de Souza *

Quando Joaquim José da Silva Xavier se envolveu com a luta republicana em detrimento da Coroa Portuguesa, certamente não poderia supor que se tornaria feriado nacional. Ocorre que os sonhos do Tiradentes levaram-no ao status de mártir, a partir de um preço altíssimo: sua própria vida, de forma vil, torpe e cruel, nos idos de 1792, final do século XVIII. Único membro do movimento social denominado de Inconfidência Mineira que não era da elite, Tiradentes se posicionou veementemente contrário aos altos impostos cobrados pela Coroa durante o Ciclo do Ouro. Por Coroa entenda-se classe dominante, a que detinha o poder e ditava ordens a seu bel prazer.

Os movimentos sociais sempre ocorrem perante um contexto histórico e escrevem capítulos indeléveis nas páginas de uma nação. Percorrendo as fases históricas do Brasil, transita-se desde a Colônia até a ditadura, os “caras pintadas” e os “vinte centavos”. Nesse ínterim, trazer a Inconfidência Mineira para os dias atuais demanda fazer uma analogia a partir dos dois polos comumente imbricados em qualquer “queda de braços”: quem domina e quem é dominado. Destarte, nossa “Coroa” hodiernamente continua sob o domínio dos que ditam as regras, seja através de partidos políticos ou de robustas contas bancárias. Em contrapartida, os “Tiradentes” são os constantemente submetidos aos abusos políticos, às altas taxas e impostos, às leis que destoam dos princípios de igualdade e dignidade da pessoa humana. Enquanto aquela persiste no seu empenho de locupletar-se a todo custo, estes se “martirizam” para sobreviver e, por vezes, se “enforcam” nos meandros contornados pela busca da sobrevivência.

Joaquim José da Silva Xavier ansiava por liberdade e pela democracia; acreditava na lealdade de seus pares e de uma luta comum; assumiu feitos de outrens em nome dos seus ideais. Como desfecho de seu empenho, sanções brandas aos outros, pena máxima para ele, pautada em humilhação pública e requintes de crueldade. 223 anos depois, outro contexto, outra realidade… os mesmos anseios, os mesmos desfechos, a mesma busca por democracia e liberdade, “liberdade, ainda que tardia”…

* Pedagoga, Psicopedagoga, Bacharel em Direito. Santineense, libriana, curiosa por natureza, inquieta por instinto. Apaixonada por livros, viagens e reticências…

Texto publicado no Jornal Eco (Recôncavo Baiano), em maio de 2015.

Recomeço…

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Aproveitando o meu “momento chileno”, Neruda pra recomeçar…

O Teu Riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas
não me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a flor de espiga que desfias,
a água que de súbito
jorra na tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
por vezes com os olhos
cansados de terem visto
a terra que não muda,
mas quando o teu riso entra
sobe ao céu à minha procura
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, na hora
mais obscura desfia
o teu riso, e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

Perto do mar no outono,
o teu riso deve erguer
a sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero o teu riso como
a flor que eu esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
curvas da ilha,
ri-te deste rapaz
desajeitado que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando os meus passos se forem,
quando os meus passos voltarem,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas o teu riso nunca
porque sem ele morreria.

Pablo Neruda, in “Poemas de Amor de Pablo Neruda

Todo Professor é louco!?!?!?

Às vezes penso que todo professor é louco. Com salários pouco atraentes, passam os dias ouvindo gritos e gritando; adquirem doenças físicas, psicológicas, morais; ora “plantam bananeira”, ora colocam “nariz de palhaço” para tentar chamar a atenção dos alunos, pois a concorrência de interesses é muito grande; se na rede pública, convivem com todo tipo de adversidades; se na rede privada, submetem-se às humilhações impostas por quem manda a quem obedece; são socialmente considerados irresponsáveis e incapazes de ensinar (“esses professores de hoje não ensinam nada!!!”); são acusados de só saber reivindicar salários; são subjugados, menosprezados, ridicularizados… como se “ser professor” fosse a última opção na vida de alguém, a opção que resta a quem “não presta pra mais nada”… Mas acho que a loucura não está em suportar tudo isso. Não. A loucura está em ainda acreditar que é através da educação que um país sério conduz seus filhos a um futuro digno e promissor; a loucura está em buscar alternativas para transformar a carência de recursos e condições em situações reais de ensino/aprendizagem; a loucura está em competir com violência, fome, desigualdades, preconceitos, usando como armas apenas o desejo de compartilhar saberes e adquirir outros tantos com seus aprendizes; a loucura está em ir de encontro a políticas públicas que se preocupam exclusivamente com índices, pois foram “pensadas” por quem nunca esteve numa sala de aula; e a maior de todas as loucuras, e certamente a mais lúcida, é esquecer todas as angústias, decepções, fraquezas… e dizer com todas as forças: SOU PROFESSOR, E DAÍ!?!?!?

FELIZ DIA DO PROFESSOR aos meus colegas de loucura!!!

Jutânia Souza

Lápis e papel…

Nossa… Há quanto tempo não escrevo aqui!!! Criei esse blog com o objetivo de expor minhas ideias, anseios, opiniões, revoltas, enfim, escrever meus pensamentos. Mas não apareço por aqui há alguns meses… Minha vida tem sido cada vez mais corrida a ponto de não me dar conta de que o tempo está passando mais rápido do que sou capaz de acompanhar. São compromissos, responsabilidades, prazos… escolhas.  E junto com o cansaço, a pressão, a correria… as satisfações, as expectativas, as surpresas.

A escrita se faz presente diariamente em minha rotina. Como professora, são planejamentos, relatórios, pareceres, projetos, sequências didáticas, pautas, listas, tabelas, questionários etc., etc., etc. Como aluna, sínteses de aulas, palestras, seminários, avaliações, projeto de monografia, resenhas, fichamentos, relatórios etc., etc., etc. Estou sempre escrevendo, nem que seja a lista de supermercado ou de pendências a serem cumpridas. E apesar de todo aparato tecnológico, adoro papel, lápis e caneta! Mas é pouco… gostaria de registrar tudo que chama a minha atenção e me faz pensar adoraria escrever sobre isso.

As palavras ditas são eternizadas de alguma forma, a depender do impacto que elas causem, principalmente para quem pronuncia e para quem ouve; as palavras escritas são eternizadas mais profundamente, em especial no íntimo de quem as escreve. Portanto, escrever é essencial para acalentar a alma através da exposição e da perpetuação de nossos momentos e sentimentos… Quero escrever pra sempre!!!

Jutânia Souza

Eu e Clarice…

 

Comecei um flerte com Clarice Lispector há algum tempo… Lendo uma frase aqui e ali, um texto acolá; comentando, discutindo, trocando ideias com que também a aprecia. Fui percebendo que sua subjetividade tinha muito a me dizer, que suas palavras sempre me atingiam profundamente, invadindo minha alma como que a me desvendar por completo.

Nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, viveu entre 1920 e 1977, tempo suficiente para marcar gerações com sua inconfundível e indelével obra, recheada de contos, romances, artigos, tudo com muita poesia…

Ela fala pra mim, de mim… Me conhece como ninguém… E é por isso que reproduzo incansavelmente suas palavras, que ouso dizer que também são minhas. E o flerte se transformou num grande amor!

Jutânia Souza

 

Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir – nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.  (Clarice Lispector)

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.   (Clarice Lispector)

                                                                                                                                                                                                                                         

Não sei quantas almas tenho…

 

 

Não sei quantas almas tenho.

Cada momento mudei.

Continuamente me estranho.

Nunca me vi nem acabei.

De tanto ser, só tenho alma.

Quem tem alma não tem calma.

Quem vê é só o que vê,

Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,

Torno-me eles e não eu.

Cada meu sonho ou desejo

É do que nasce e não meu.

Sou minha própria paisagem;

Assisto à minha passagem,

Diverso, móbil e só,

Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo

Como páginas, meu ser.

O que segue não prevendo,

O que passou a esquecer.

Noto à margem do que li

O que julguei que senti.

Releio e digo :

“Fui eu ?”

Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

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